Atropelamento na noite de 26 de abril de 2025, a cidade de Vancouver, no Canadá, foi palco de uma tragédia que chocou a comunidade local e internacional. Durante o festival de rua em comemoração ao Dia de Lapu-Lapu, um evento cultural que celebra a resistência do líder indígena filipino contra colonizadores espanhóis no século 16, um motorista atropelou uma multidão, deixando 11 mortos e mais de 20 feridos. Entre as vítimas fatais está Kira Salim, uma musicista brasileira de 34 anos. Este artigo detalha o ocorrido, o local do incidente, o autor do crime, seu histórico com a polícia e informações sobre seu estado de saúde mental.
O que aconteceu e como aconteceu
O atropelamento ocorreu por volta das 20h do sábado, 26 de abril (0h de domingo, 27 de abril, no horário de Brasília), no bairro de Sunset on Fraser, na zona sul de Vancouver. O festival, que reuniu cerca de 100 mil pessoas ao longo do dia, estava próximo de seu encerramento, com o público começando a se dispersar. Segundo testemunhas, um utilitário esportivo preto invadiu uma rua estreita repleta de barracas de comida e pedestres, atropelando a multidão em alta velocidade, estimada em cerca de 100 km/h.
Imagens do atropelamento divulgadas mostram o veículo com o capô danificado em meio a destroços, enquanto socorristas atendiam vítimas no local. Testemunhas relataram cenas de pânico, com gritos e correria, além de pessoas feridas, incluindo crianças, e corpos estirados na rua. Dale Selipe, uma testemunha entrevistada pelo jornal Vancouver Sun, descreveu uma mulher com a perna quebrada e outra pessoa tentando confortá-la em meio ao caos.
A polícia de Vancouver chegou rapidamente ao local, e o motorista foi contido por populares antes de ser preso. As autoridades confirmaram que 11 pessoas morreram nesse atropelamento, com idades entre 5 e 65 anos, e mais de 20 ficaram feridas. O caso está sendo investigado pela Seção de Crimes Graves do Departamento de Polícia de Vancouver, que descartou, por enquanto, qualquer motivação terrorista, classificando o episódio como um “ataque de colisão com um carro”.
O local do Atropelamento
O atropelamento aconteceu durante o festival do Dia de Lapu-Lapu, realizado no bairro de Sunset on Fraser, uma área residencial e comercial conhecida por sua diversidade cultural. O evento, que celebra a herança filipina, é uma das maiores festividades da comunidade filipino-canadense, que representa cerca de 2,5% da população do Canadá, com quase 1 milhão de pessoas. A rua onde ocorreu o incidente estava lotada de barracas de comida, apresentações culturais e pedestres, o que contribuiu para a gravidade do impacto.
A vítima brasileira: Kira Salim
Entre as vítimas do atropelamento está Kira Salim (Clara Ganapol Salim), uma musicista carioca de 34 anos, de identidade de gênero não-binária, que vivia em Vancouver há quase três anos com seu marido, uma cachorrinha resgatada no Brasil e cinco gatos. Natural do Rio de Janeiro, com família no Rio Grande do Sul, Kira era formada em Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e mestre em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e Educação pela Universidad Europea del Atlántico. Ela trabalhava como educadora em New Westminster, focada em criar ambientes de aprendizado inclusivos para jovens de comunidades marginalizadas. Apaixonada por causas sociais, Kira era defensora dos direitos humanos, da comunidade LGBT e da causa animal.
No Brasil, ela organizou e cantou no bloco Marcha Nerd, um evento que reúne fãs de cultura pop no Rio de Janeiro. Em 2022, ao se despedir do bloco, expressou entusiasmo por sua mudança para o Canadá, atraída pela forte presença da cultura asiática no país. O Itamaraty confirmou sua morte e informou que o Consulado-Geral do Brasil em Vancouver está prestando assistência à família. Segundo parentes, o marido de Kira não estava no local do incidente e aguarda contato das autoridades para o processo de sepultamento.
O autor do atropelamento já responde por outros crimes veja seu histórico
O motorista responsável pelo atropelamento é um homem de 30 anos, residente da província da Colúmbia Britânica, cuja identidade não foi oficialmente divulgada pelas autoridades até o momento, devido à ausência de acusações formais. Ele foi indiciado por oito acusações de homicídio de segundo grau em uma audiência preliminar na noite de 27 de abril. A polícia de Vancouver informou que o suspeito era conhecido das autoridades, com um “histórico significativo de interações” com a polícia e profissionais de saúde, relacionadas a problemas de saúde mental.
Embora detalhes específicos sobre seu histórico criminal não tenham sido revelados, as autoridades confirmaram que ele agiu sozinho e era considerado um “suspeito solitário”. O chefe interino da polícia, Steve Rai, destacou que o homem tinha “interações frequentes” com serviços de saúde mental, mas não forneceu informações adicionais sobre a natureza de seus distúrbios. Essa menção a problemas de saúde mental gerou debates, já que as autoridades enfatizaram que o incidente não foi um ato de terrorismo, mas um “ato de violência sem sentido”.
O contexto do distúrbio mental
A referência ao distúrbio mental do suspeito levanta questões sobre a interseção entre saúde mental e violência. Embora a polícia tenha mencionado problemas de saúde mental, não há detalhes sobre diagnósticos específicos ou tratamentos prévios. Especialistas alertam que associar crimes violentos a distúrbios mentais pode estigmatizar pessoas com condições psicológicas, já que a maioria não comete atos violentos. No Canadá, casos semelhantes, como o ataque com uma van em Toronto em 2018, também envolveram suspeitos com problemas de saúde mental, mas as motivações muitas vezes são complexas e não se limitam a um único fator.
No caso de Vancouver, a investigação está em andamento para determinar se o estado mental do suspeito contribuiu diretamente para o crime. A polícia informou que cerca de 100 agentes estão trabalhando no caso, e um centro de assistência às vítimas foi montado para apoiar as famílias afetadas.
Impacto e investigação
O atropelamento ocorreu às vésperas das eleições gerais canadenses, marcadas para 28 de abril de 2025, o que levou à suspensão de eventos de campanha por parte do primeiro-ministro Mark Carney e outros líderes políticos. Carney expressou condolências, descrevendo o incidente como “horrível”. O prefeito de Vancouver, Ken Sim, e o chefe de polícia, Steve Rai, classificaram o dia como o “mais sombrio da história da cidade”.
A identificação das vítimas está em andamento, mas a polícia informou que o processo é lento devido à gravidade do incidente. Além de Kira Salim, as vítimas incluem homens, mulheres e jovens, refletindo a diversidade do público presente no festival. A comunidade filipino-canadense, que organiza o evento, expressou profunda tristeza e pediu união em meio à tragédia.
A investigação continua, com foco na motivação do crime e nas circunstâncias que levaram ao ato. As autoridades prometeram atualizações à medida que mais informações forem coletadas, enquanto a cidade de Vancouver tenta se recuperar de uma das piores tragédias de sua história.
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