Compra de votos desde o Século XIX – Império
Compra de votos 1824: Primeira Constituição do Brasil estabelece eleições indiretas. O voto era censitário (apenas homens com renda mínima podiam votar). 1840–1880: Coronéis e chefes políticos locais já manipulavam eleitores. Não era raro oferecer cachaça, comida e pequenos favores em troca de apoio. 1881 – Lei Saraiva: Institui o voto direto para deputados. O sistema abre espaço para intensificação de fraudes e surgem os primeiros registros oficiais de compra de votos.
1889–1930 – República Velha (Primeira República)
Período marcado pelo coronelismo e pelo “voto de cabresto”. Coronéis (grandes proprietários de terras) controlavam comunidades inteiras, garantindo votos em troca de: Emprego, favores ou perdão de dívidas. Cestas de alimentos, roupas e até gado.Dinheiro vivo para eleitores mais estratégicos. Eleições eram manipuladas através de fraudes nas listas, intimidação e compra direta de votos.
1930–1945 – Era Vargas
1932 – Código Eleitoral: cria a Justiça Eleitoral e institui o voto secreto, o que reduz a pressão do coronelismo, já que não era mais possível vigiar em quem a pessoa votava. Mesmo assim, a compra de votos não acabou: passou a ser mais discreta, com políticos oferecendo favores e dinheiro antes da eleição
1945–1964 – Período Democrático
Com o voto secreto consolidado, a compra de votos continuou em áreas rurais e cidades menores. Estrutura clientelista: políticos distribuíam promessas de emprego público, benefícios locais e dinheiro vivo. Muitas campanhas eram financiadas por elites locais que esperavam retorno em contratos públicos.
1964–1985 – Ditadura Militar
O regime militar controlava o processo eleitoral, mas ainda assim havia espaço para clientelismo em eleições legislativas e municipais.Políticos locais seguiam trocando favores e dinheiro por votos, principalmente em regiões pobres.
1985–2000 – Redemocratização
Com a volta das eleições diretas, a compra de votos se moderniza. Anos 90: casos de “compra institucionalizada” ganham repercussão, como o escândalo da compra de votos para aprovar a reeleição presidencial em 1997. Em nível local, prefeitos e vereadores distribuíam desde material de construção até dinheiro vivo em troca de apoio.
2000 em diante – Era das Fiscalizações
2000 – Lei da Ficha Limpa e endurecimento das punições: candidatos flagrados comprando votos passaram a ser cassados com mais frequência.
2003–2010: escândalos como o Mensalão revelaram a compra de apoio parlamentar em Brasília.2014 em diante: com a Operação Lava Jato, escândalos de compra de apoio político e eleitoral ficaram mais visíveis.Hoje, a compra de votos ainda existe, mas é mais sofisticada:
Recargas de celular, PIX, distribuição de benefícios em programas sociais locais.Promessas de emprego em prefeituras e contratos em empresas terceirizadas.
Conclusão
A compra de votos não começou em uma data única, mas sim foi um processo contínuo: No Império, com pequenos favores. Na República Velha, com o voto de cabresto. Na democracia moderna, com esquemas mais organizados e de grande escala.
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